SINAL VERMELHO
 



Minicontos

SINAL VERMELHO

ROBETTO MAGALHÃES


SINAL VERMELHO
Vermelho. Freei obediente. Ele vai me escolher, disso tinha certeza. Entre mil passantes, o pombo, cagando, sempre acerta em mim. Não deu outra, meteu a grossa mão na janela do meu carro e me cravou dois olhos fortemente pedintes. Barbudo, jovem, descalço, sujo, sabia, porém, conduzir as mãos esmolantes. Entrei em parafuso: tu be ou não tu be? Eu e ela: a eterna questão. Dar ou negar a vil moeda? Bem que o vagabundo podia trabalhar. Ele insistiu, colocando mais sofrimento no que dizia: tá tudo muito difícil, doutor, o senhor sabe disso, ninguém aguenta FHCs, Lulas, e Duas dilmas? Verdade pura e crua, doutor, só estou na rua porque o meu ajuste fiscal desajustou e me dei mal.
Vagabundo, pensei; politizado, reconheci.

 

Cadastre-se para receber dicas de escrita, aviso de concursos, artigos, etc publicados no portal EscritaCriativa.com.br